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Ar Fresco

quinta-feira, novembro 09, 2006

Eu, esquerdalho, me confesso - gosto da América

Numa altura em que os Democratas reconquistaram o Congresso, não posso deixar de me regozijar com a possível queda de Bush numas eleições próximas. Atenção, eu disse Bush, não disse Partido Republicano, não confundir. Mas desejo que haja mesmo uma vitória dos Democratas.

No que toca a questões americanas, sempre me identifiquei muito mais com os Democratas - e dada a minha curta memória política americana, Clinton foi o melhor Presidente dos EUA, mesmo tenda em conta o clima económico e estabilidade de que beneficiou.

Contudo, o facto de ser de esquerda nunca me levou a ser anti-americano, pelo contrário, encontro mais virtudes do que defeitos (principalmente a pena de morte) na sociedade americana (ensino, economia, liberdade, integração, etc.) - ver alguns exemplos neste post de Henrique Raposo.

Fui e sou pró-intervenção no Iraque
. Apenas lamento que não se tivesse planeado com antecedência e em concertação "universal" o que fazer, e de que modo, no pós-guerra. O mundo ficou mais seguro? Não. O Iraque ficou uma sociedade mais segura? Não. Foram apenas motivos políticos de luta contra o terrorismo internacional que motivaram a intervenção? Não. Mentiram descaradamente sobre as armas de destruição? Sim.

Porém, o mundo livrou-se de mais um ditador, que era potencialmente perigoso para a paz na região (não, não concordo com a pena de morte). As milhares de mortes que temos a lamentar, desde o início do conflito, devem-se mais a atentados terroristas e menos ao exército americano e às forças aliadas. O pós-guerra falhou, porque os EUA e a Inglaterra ficaram isolados do resto do mundo Ocidental e de alguns países "moderados" na região. Se tivesse havido um esforço conjunto, muito para além dos interesses económicos e políticos de cada um (não havia só interesses da parte dos EUA), o Iraque e o mundo seriam, de certeza, muito melhores. O Iraque e o Vietnam não são, por isso, comparáveis - apenas em baixas norte-americanas.

Os perigos para o futuro são vários: os EUA irão pensar duas vezes, no futuro, em envolverem-se em conflitos (a não ser que esteja em causa a sua própria segurança), dada a falta de solidariedade "Ocidental" - perigoso pois os EUA são a "força militar" do mundo ocidental. Os EUA registaram a permeabilidade da Europa ao sentimento anti-americano, à pressão dos activistas mulçulmanos, às ameaças do terrorismo e a cedência ao politicamente correcto.

A única esperança pode residir, de facto, numa mudança de Republicanos para Democratas, não porque as políticas sejam assim tão diferentes, mas porque a mudança dos actores políticos americanos (a saída de Bush e comparsas - Rumsfeld já foi...) possam dar início a um estreitamento de relações com a Europa, China, Rússia e demais países, dado que o Bushismo tem vindo a arruinar a política externa americana.

PS- post dedicado ao meu amigo Andy...